sábado, 18 de setembro de 2010

OLAVO BILAC X CAETANO VELOSO

OLAVO BILAC x CAETANO VELOSO








Olavo Bilac e Caetano Veloso em momentos distintos da história do Brasil,perpassam em seus textos os dilemas de uma nação em busca de identidade.
Trecho da entrevista de Caetano à revista Cult
A canção Língua nasceu da vontade de usar os procedimentos do rap como veículo. Eu planejava então explorar um novo filão de textos declamados sobre base rítmica (mas uma base inventada por mim e meus amigos músicos, não uma reprodução do que faziam os americanos): seria um modo de ter mais liberdade para a poesia na música. E o tema de gostar de falar apareceu logo, o que me levou a celebrar a língua portuguesa, sugerindo reflexões sobre ela (VELOSO, 2001: 56). (2)
Há mais de cem anos, Olavo Bilac escreveu o poema Língua Portuguesa que celebra e enaltecer idioma. Em seu  texto, Olavo Bilac ressalta a origem latina da língua que floresce em um país tropical exótico e agreste. Assim como texto de Caetano Veloso, o poema de Bilac sugere reflexões sobre a língua e apresenta o olhar do poeta sobre  nacionalidade.
Os dois autores são admiradores do idioma  português e demonstram isto através de seus  textos.Caetano Veloso em várias oportunidades expressa seu prazer  em contemplar as singularidades semânticas e sonoras de nossa língua em comparação com as outras.
Para Caetano Veloso,  a língua é uma herança da civilização brasileira, formada por elementos europeus, tropicais e africanos. Apresentando um falar diverso e original. No texto de Olavo Bilac fica claro que o poeta considera apenas o meio  geográfico como responsável pela originalidade da língua, não considerando a participação dos falantes. 
Bilac vê o idioma como um modelo para o povo:
O povo, depositário, conservador e reformador da língua nacional, é o verdadeiro exército da sua defesa: mas a organização das forças protetoras depende de nós: artífices da palavra, devemos ser os primeiros defensores, a guarnição de fronteiras da nossa literatura, que é toda civilização (BILAC, 1912).
“Diante destes olhares distintos sobre o mesmo tema é pertinente investigar as possíveis razões da diferença nas idéias predominantes na época de cada um dos autores e o modo próprio de ambos pensarem e sentirem a realidade. As idéias que predominaram no Brasil do fim do século XIX propugnavam a construção de uma grande nação de progresso, a partir da ação de uma elite bem formada, instruída e capacitada a dirigir a população ignara. Estas idéias centrais do positivismo iluminista davam à intelectualidade a tarefa de distribuir o conhecimento ao povo segundo modelos definidos, aprioristicamente, pelas elites, condição essencial para que este estivesse predisposto a se tornar construtor da pátria, num quadro de ordem social. Estes pressupostos, que se encontram presentes na pregação patriótica de Olavo Bilac (4), tornam possível compreender porque o seu poema é uma celebração à língua, no que ela tem de belo e de singular na sua estrutura, mas descolada da realidade social do país.”(Prof. EVERALDO AUGUSTO DA SILVA)

Em Língua, Caetano mostra o seu olhar múltiplo que interage com diferenças linquísticas e com a originalidade da nação brasileira.A língua de um país tropical e mestiço é apresentada de uma maneira bela e singular

Um comentário:

  1. SUGESTÃO DE FILME

    "Desmundo" (2003): filme brasileiro do diretor Alain Fresnot, traz o Brasil no início da colonização, por meio da história de Oribela, uma jovem órfã portuguesa que vem, junto com outras, para ser esposa na nova terra. Os diálogos, com legendas, são feitos em português arcaico, línguas indígenas e africanas. O filme é baseado no livro "Desmundo", de Ana Miranda, Companhia das Letras, 2003.

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