domingo, 26 de agosto de 2012

Empregabilidade: como assegurá-la?



A capacidade de se manter interessante para o mercado de trabalho é o grande desafio das próximas décadas. Este artigo apresentará os aspectos que levaram à esta realidade e o que é preciso fazer para que a empregabilidade torne-se uma realidade.

A redução dos postos de trabalho na maioria dos países é inegável, quando se leva em conta a desproporcionalidade  entre aumento da população econômica ativa e dos postos de trabalho. Várias são as explicações para esse fenômeno, onde as mais importantes são: a automatização da indústria, o processo de globalização, o baixo nível de educação da população e a obsolescência do conhecimento.

Existe uma divisão acadêmica quanto à visão do mercado de trabalho e suas implicações. Uma vertente acusa o sistema produtivo de abandonar os trabalhadores excluídos da sociedade do conhecimento, que se aglutinarão em guetos, reivindicando trabalho, rendimentos, vida digna e valorização social. Tal previsão se assemelha muito com os conflitos sociais ocorridos na França, que se explicava não só de um caso de exclusão social de imigrantes, mas uma consequência do caos do desemprego que assola a sociedade francesa, bem como dos principais países desenvolvidos da Europa. No Brasil, tal fenômeno tem sido ocultado pelo significativo crescimento da economia local, que proporciona um impacto direto na criação de empregos e novas nas oportunidades em segmentos inexplorados ou o surgimento de empregos pelo crescimento atual da economia.

A outra vertente, mais otimista e positivista, percebe a tecnologia como um elemento libertador do homem, onde este terá mais liberdade de utilizar sua subjetividade em atividades que necessitem do sentimento e percepção humana. Desta forma, o homem teria mais tempo para dedicar-se a família, ao lazer, e ainda, qualificar-se para atender as novas demandas do mercado de trabalho, que requerem mão de obra qualificada, flexível e preparada para atender às pressões do mundo atual. Além do já exposto, segundo essa vertente, acredita-se que os atuais empregos e os postos de trabalho em extinção serão substituídos por profissões com alto teor de tecnologia e menos necessidade de “trabalho braçal”, tornando a sua rotina mais dependente conhecimento humano e do diferencial que ele pode proporcionar ao produto/serviço da empresa. Ainda, a cada posto de trabalho extinto, será criado outro com maior necessidade de qualificação e capacidade subjetiva, assim não há potencial desemprego, mas uma troca de mão de obra com baixo nível de qualificação por outra mais preparada, ou o que os teóricos chamam de trabalhador do conhecimento.

Este trabalho não tem a pretensão de se posicionar quanto ao impacto da tecnologia no mercado de trabalho, mas sim analisar o conceito de empregabilidade e suas implicações no emprego e na recolocação profissional no mercado de trabalho.

O conceito de empregabilidade

É notória a necessidade de qualificação do trabalhador para que ele se mantenha atrativo para o mercado de trabalho. Mais que isso, é preciso perceber as necessidades deste mercado e ter visão de quais competências serão imprescindíveis para as organizações no futuro.

Empregabilidade significa desenvolver um conjunto de habilidades, aptidões e conhecimentos compatíveis com as exigências do mercado de trabalho, de forma a considerar um perfil profissional interessante e atraente para futuros empregadores. Num mercado dinâmico e mutável, ter empregabilidade significa tornar-se altamente flexível, visto que os pré-requisitos, as exigências para ocupação dos diversos casos mudam com frequência.

São necessárias diversas competências para que a empregabilidade torne-se realidade em um contexto prático, é preciso que sejam desenvolvidas uma série de habilidades e atitudes que são as bases da sociedade do conhecimento, como apresentado abaixo:

- Especialização;
- Percepção da diversidade cultural e de conhecimentos;
- Trabalho em equipe;
- Gestão por resultados;
- Aprendizagem contínua;
- Busca de trabalho com significado;
- Raciocínio criativo e resolução de problemas;
- Desenvolvimento de liderança;
- Autogestão da carreira;
- Autoconhecimento.

A capacidade de gerir a própria vida profissional é agora considerada uma competência adquirida e necessária para todas as outras competências exigidas no ambiente de negócios.

Abaixo estão citados alguns fatores que influenciam na empregabilidade dos trabalhadores:

• As mudanças no mercado de trabalho são muito ágeis e as tendências de ocupação se modificam rapidamente;
• Novas carreiras e oportunidades surgem da noite para o dia, em ritmo nunca visto na história da humanidade;
• O desafio agora é tentar identificar quais segmentos serão mais promissores;
• Antes, o conhecimento que se adquiria em uma faculdade era combustível suficiente para os próximos 20 anos de trabalho;
• É preciso voltar a estudar a cada dois ou três anos para estar em sintonia com o mercado;
• Velocidade e risco são as variáveis chaves da gestão de negócios e das carreiras;
• Hoje, a ênfase não é mais nas profissões, e sim nas competências para o desenvolvimento de atividades específicas;
• Conhecimento não é tudo. É preciso unir várias capacidades, ter intuição, saber tomar decisões rápidas;
• Hoje, quando se contrata alguém, não é para assumir um cargo, mas para solucionar desafios. E isso está alterando profundamente o perfil dos profissionais em geral;
• Existem mercados promissores para profissionais competentes;
• Não importa o curso, ninguém deve perder de vista a necessidade de estudar muito;
• Só alguém que estuda com afinco consegue acompanhar esse ritmo.


É nítida a diferença entre o trabalhador do passado e o trabalhador do futuro. O trabalhador atual desenvolveu uma série de competências que o torna mais competitivo e participativo frente ao negócio da empresa. Não basta ser comprometido, é preciso conhecer o mercado de atuação da companhia e empreender suas competências nos pontos críticos do negócio, afim de garantir vantagem competitiva à organização.

Nota-se a importância do aprendizado contínuo no trabalhador atual e o seu comprometimento no negócio, além do entendimento da sua importância no negócio de forma sistêmica. O conceito de organizações que aprendem está associado a organizações que possuam em seu quadro funcional pessoas com elevada capacidade de inovação, criatividade e que se reinventem a todo o momento.

Marcelo Lobo é Administrador, Especialista em Gestão de Recursos Humanos - UFF. Atua como professor do SENAI/FIRJAN, palestrante na área de T&D e Gestão do Conhecimento.



 

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